Excelentíssimas crianças

Se eu fosse vocês, a primeira coisa que pediria à professora ao entrar na sala de aula, pela manhã, seria: "Professora, leia uma história pra nós".

Não existe melhor maneira de começar um dia de trabalho! E no final do dia, quando a noite chegasse, meu pedido ao adulto mais próximo seria:

"Por favor, conte uma história pra mim".

Não existe melhor maneira de escorregar nos "lençóis da noite". Mais tarde, quando vocês já forem grandes, lerão para outras crianças aquelas mesmas histórias. Desde que o mundo é mundo e que as crianças crescem, todas as histórias escritas e lidas têm um nome muito bonito: literatura.

Daniel Pennac

(Palestra proferida na Feira de Livros para crianças e jovens em Bolonha, 1999)

MEMÓRIA DOS OBJETOS

Materiais:

Objetos do dia a dia, brinquedos à escolha da criança, utensílios de cozinha ou até mesmo frutas.

Construção:

Convidar a criança para escolher por volta de 10 objetos ou brinquedos de sua preferência. A família também pode combinar que cada um escolha seus objetos.

Logo após, colocá-los sobre uma superfície e convidar a criança a observá-los por um tempo determinado. Depois de observar, o adulto deverá vendar os olhos da criança com um lenço ou qualquer outro tecido. Outra opção é a criança sair do espaço até que o objeto seja retirado. Quem estiver brincando junto com ela será o responsável por tirar um objeto, escondê-lo em uma caixa e deixar que a criança perceba o objeto que sumiu.

Outra forma de brincar é apenas alterar a posição de determinado objeto, para que a criança perceba qual foi o objeto que mudou de lugar.

Os papéis também podem se inverter e a criança pode comandar a brincadeira, retirando ou trocando os objetos de lugar.

As aprendizagens tornam-se significativas para as crianças quando elas participam de maneira ativa e não como meros espectadores. Como estratégia para as crianças com algum comprometimento motor, é importante a presença bem próxima do adulto, auxiliando no manuseio dos objetos, incentivando a seleção dos materiais e encorajando os pequenos a fazerem do seu jeito.

No caso de algumas crianças não verbais (TEA - Transtorno do Espectro Autista ou outras deficiências), o adulto pode atuar junto nas brincadeiras dando significado às ações das crianças, sendo a voz delas e/ou reproduzindo oralmente o que estão fazendo naquele momento.

Cada criança participa do seu jeito, algumas poderão apenas explorar a caixa e os objetos.

Desenvolvimento e benefícios:

O objetivo desta brincadeira é exercitar a memória, a concentração e, com isso, desenvolver o raciocínio. É uma brincadeira que exige grande capacidade de atenção por parte dos participantes. Além de ser muito divertida, amplia o conhecimento sobre o respeito às regras, estratégias de jogo e controle do tempo, proporcionando à criança o desafio de superar a si mesma.

Esta brincadeira possibilita, portanto, que as crianças ampliem seu repertório de experiências sensoriais e expressivas, desenvolvam a oralidade e a imaginação, além de despertar a curiosidade. Para as crianças que ainda não falam, é importante que o adulto faça narrativas, explicando e nomeando os objetos e ações das crianças.

BRINCANDO COM MACARRÃO COLORIDO

Materiais:

• 1 pacote de macarrão, do tipo que preferir

• Corante alimentício de várias cores, de preferência líquido,para misturar melhor ao macarrão (para os bebês, pode ser utilizado corante natural, como água de beterraba)

• Recipientes para tingir o macarrão (sugestão: potes de sorvete)

• Objetos para auxiliar a brincadeira: potes de plástico de tamanhos variados, panelinhas, copos e pratos de plástico, talheres, garrafas pet, tampas, funis, peneiras e outros que tiverem em casa.

OBS.: os materiais de apoio aqui sugeridos, podem ser modificados da forma como preferirem, ou mesmo, colocar um só tipo de material. O que oferecer e a quantidade de objetos fica à vontade à escolha de cada um.

Construção:

Inicie cozinhando o macarrão que escolheu, seguindo as instruções do pacote. Não cozinhe demais, pois o macarrão pode ficar muito mole ou em blocos e dificultar a exploração da criança. Se perceber que o macarrão está grudando, coloque um fio de óleo e misture mais um pouco.

Divida o macarrão, colocando porções em potes para colorir. Após dividir as porções, coloque o corante (um recipiente com cada cor) e misture até ficar na cor que desejar. Procure fazer duas ou três cores diferentes, assim a brincadeira se tornará mais atrativa.

Uma dica é usar luvas nesse momento, pois terá um resultado melhor da cor se misturar com as mãos!

Preparado o macarrão com as cores que escolheu, vamos para a etapa seguinte.

Organize um lugar onde tenha a possibilidade de sujar. Se preferir, pode forrar uma mesa com um tecido que possa ser manchado, ou até mesmo forrar o chão com jornal ou outro material descartável.

Coloque os potes de macarrão tingidos e espalhe os materiais de apoio que já foram sugeridos na lista de materiais acima.

Desenvolvimento e benefícios:

Para a criança, tudo pode se tornar um brinquedo e uma oportunidade para elaborar uma deliciosa e prazerosa brincadeira. Essa proposta é mais uma chance de desenvolver a imaginação, a atenção e interação da criança de forma lúdica.

É importante a participação de todos, entretanto é necessário respeitar o tempo das crianças e ajudá-las no que for necessário. Para as crianças que ainda não falam (TEA - Transtorno do Espectro Autista - e outras deficiências), o adulto pode dar voz às suas ações durante todas as etapas da brincadeira, antecipar o que irá acontecer, fazer combinados e estabelecer pequenas regras. Apresente o ambiente para a criança e procure deixá-la à vontade para criar suas possibilidades de brincadeira e, espontaneamente, se envolver com as ideias que forem surgindo.

Oportunize também que as crianças investiguem, observem e criem outras maneiras de brincar.

Uma boa conversa e muita exploração sempre trazem muitas aprendizagens! Divirtam-se!

TESOURO CONGELADO

Materiais:

• Pequenos brinquedos

• Pequenas vasilhas

• Água

• Freezer

• Instrumentos para cavar (martelinho plástico, pazinhas, etc)

• Borrifador

• Bacia grande

Construção:

Inicie congelando os pequenos brinquedos (tesouros), cada um em uma vasilha, (aos poucos, vá enchendo de água e congelando, pois alguns brinquedos boiam).

Feito isso, coloque os blocos de gelo dentro de uma bacia do tamanho que caibam todos os tesouros congelados.

Em seguida, permita que a criança escolha os instrumentos para cavar e assim resgatar seu tesouro congelado. O borrifador pode auxiliar, com água morna para aquecer o tesouro congelado.

Varie os objetos congelados para estimular a curiosidade da criança.

Uma sugestão é criar diferentes temas cada vez que repetir a brincadeira.

As crianças que apresentam algum comprometimento, inclusive motor, podem participar do seu jeito e os pais devem respeitar os tempos e habilidades de cada um, deixando-os simplesmente explorarem com o adulto fazendo as ações junto com ela.

Se necessário utilizar outros recursos para esconder os objetos, como areia, terra, bolinhas em gel, gel de cabelo, gelatina (fazer com os objetos dentro), dando auxílio à descoberta, utilizando pincéis, no caso da areia, ou até as próprias mãos, estimulando os sentidos da criança.

É importante dar preferência aos objetos que sejam do cotidiano da criança (de sua preferência), incentivando-a em sua participação.

Desenvolvimento e benefícios:

Brincar com gelo é uma proposta interessante para desenvolver os sentidos das crianças. Apesar de ser uma brincadeira simples, ela estabelece várias relações ao sentir a temperatura gelada, ouvir o barulho do martelinho batendo na pedra de gelo ou investigar o que está escondido.

A proposta desenvolve também o raciocínio, a atenção e a criatividade, na medida em que a brincadeira acontece, estimulando a criança a pensar e criar novas estratégias para derreter o gelo, por exemplo.

JOGA NA FOGUEIRA

Material:

• cartas de baralho (com dois naipes diferentes). Caso não tenha baralho, escreva os números em papéis.

Construção:

• Escolha vários pares de cartas: 2 e 2, 3 e 3, 4 e 4, etc.

• Embaralhe todas juntas

• Forme um círculo com as cartas viradas para baixo, sem saber onde está cada uma delas.

Desenvolvimento:

Este é um jogo que você poderá jogar sozinho ou com outras pessoas da sua casa.

O desafio será virar duas cartas ao mesmo tempo e, se elas fizerem par, jogue as duas cartas "na fogueira" (no centro das cartas). Se não fizer o par, repita a jogada ou passe a vez.

O jogo termina quando todas as cartas estiverem "na fogueira".

Para deixar o desafio mais interessante, coloque uma carta que não tenha par.

Este jogo é parecido com o jogo da memória, mas lembre-se: as duas cartas precisam ser viradas ao mesmo tempo.

Para que todas as crianças participem, podem ser usadas cartas com figuras (animais, plantas, alimentos), respeitando os tempos e habilidades de cada um. O adulto pode jogar primeiro, ensinando na prática (sendo modelo) para que a criança aprenda. Diminuir o número de cartas também auxilia esse aprendizado, que pode ser gradativo, e aumentar o número de cartas como desafio, quando a criança já compreender o jogo.

Benefícios:

• Oportunidade de estar em contato com números através do jogo

• Possibilidade de associar o número à quantidade

• Ampliação da compreensão do que significa "par", para formar pares

• Atenção, concentração e memória ao longo do jogo

CORRIDA DE FRONHAS

Materiais:

• Fronha de travesseiro ou outro tecido, como pano de chão, toalha, etc.

Construção/espaço:

• Corredor ou outro lugar livre, como quintal, sala, etc.

Desenvolvimento:

Vamos fazer uma competição no seu corredor (ou outro ambiente espaçoso) através de uma corrida com fronhas (ou outros panos que tenha disponível)?

A corrida não vai ser com os pés... e sim, deslizando sentado!

Marque o ponto de partida e de chegada. Ofereça a cada participante (podem ser vários) uma fronha e convide-os a sentar no chão, em cima dela.

Assim que der o sinal de partida, cada participante terá que usar as pernas (cruzadas) e os braços para deslizar - em cima da fronha - até a chegada.

Com a ajuda da família, todas as crianças têm condições de realizar a atividade proposta. Para as crianças com comprometimento motor, a família pode ajudar na brincadeira, colocando-a sentada ou deitada no tecido e puxando-a. O importante é respeitar os tempos e habilidades de cada um, encorajando-as a participar da brincadeira.

Ganha quem chegar primeiro!!!

Benefícios:

* Bem-estar físico e emocional

* Resistência

* Coordenação motora

* Interação familiar

Todas as crianças gostam de brincar e no momento da brincadeira se entregam à ação. A brincadeira contribui para que as crianças aprendam a conviver umas com as outras, respeitando as diferenças com atitudes de amizade e solidariedade. Além de tudo isso, eles estarão felizes brincando com os pais, irmãos e primos.

É uma diversão e tanto... que tal tentar?

BALINHAS DE GELATINA

Materiais/ ingredientes:

• Água

• 1 medidor, xícara ou copo

• Forminhas de gelo, formas, travessas ou tigelas

• 3 envelopes de gelatina, nos sabores de sua preferência.

• 2 envelopes de gelatina incolor.

• 250ml de água quente (para cada envelope)

• 250ml de água fria (para cada envelope)

Desenvolvimento:

• 1º passo: esquente a água e dissolva a gelatina com sabor (um envelope de cada vez), mexendo bem até dissolver e, em seguida, reserve.

• 2º passo: dissolva os dois pacotes de gelatina sem sabor na água fria, reserve e deixe descansar por 5 minutos.

• 3º passo: quando a gelatina sem sabor já estiver hidratada por 5 minutos, leve no microondas por 1 minuto, para que ela fique líquida.

• 4º passo: misture a gelatina sem sabor com a gelatina colorida, mexendo bem.

• 5º passo: coloque em uma tigela de sua preferência, ou em forminhas de gelo. Sempre unte o recipiente que escolher com um pouquinho de óleo, assim sua balinha desgruda mais fácil.

• 6º passo: leve à geladeira por 3 horas, depois é só cortar em quadradinhos ou retirar das forminhas de gelo.

OBS: As tarefas de mexer no fogão, facas, tesouras com pontas, aparelhos elétricos e eletrodomésticos são para os adultos.

Benefícios:

É possível ampliar todo o processo de desenvolvimento da criança com a simples tarefa de fazer balinhas de gelatina.

Cozinhar é um grande aprendizado de sabores, cheiros, texturas, quantidades, levantamento de hipóteses, de estimativas, entre muitas outras experiências que vivenciamos ao participar e preparar os alimentos para nós e nossa família.

Nesse período em que estamos em casa, é ideal convidar os pequenos para participar do preparo dos alimentos, unindo a família em torno da cozinha, integrando e dividindo tarefas que todos podem realizar como: mexer, descascar, medir, lavar, experimentar. De acordo com a idade e habilidades, as tarefas vão se modificando e se ampliando, lembrando que a supervisão e orientação da família são fundamentais.

Devemos ter em mente que se o preparo não deu certo na primeira vez, vamos testando e aprendendo cada vez mais, com muitos ensaios e erros, pois o que importa é o todo o processo.

Para as crianças com algum comprometimento motor, é importante o adulto conduzir a atividade explicando como é feita a receita, estimulando a criança a escolher o sabor desejado da gelatina, sentir o aroma e observar as cores. Algumas crianças, geralmente com paralisia cerebral, apresentam restrição alimentar ou até mesmo dificuldade em ingerir alguns alimentos (texturas e quantidades) e cabe ao adulto prepará-los de acordo com a dieta estabelecida para a criança. Exemplo: pode ser suco de gelatina, para as crianças que a dieta ainda seja líquida. Há muitas receitas que fazem uso de gelatina como ingrediente, o importante é o fazer junto e deixar a criança participar deste momento.